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8 de julho de 2014

Não cair, pensar.

Por momentos incrédulos.
De aceitação. 
Momentos de pura indiferença. 
E também de uma interatividade incrível com a vida. 
Por pessoas que se vêem acima das demais.
E pessoas que se deitam como tapete, 
para outras passarem. 
Por vidas que ainda nem respiram. 
Por aqueles que estão parando. 
Por tempos onde pode-se abraçar sem segundas intenções. 
E aqueles onde devemos estar preparados.
Há também os que devemos evitar, 
por pura noção de perigo. 
E a contradição, 
que nos diz para arriscar. 
Simplesmente, 
seguir. 
Preocupações. 
Medíocres preocupações. 
Por acreditar que vai dar certo,
mesmo não seguindo a velha receita. 
Por amar e por sofrer.
Por amar, ser feliz. 
Por amar e ser amado. 
Por lutar.
E se defender.
Por tudo, 
por todos,
por...
Por acreditarmos na necessidade da reflexão
e de se expressar.

27 de abril de 2014

Perdoem-me se eu errar.

Joguem-me os pratos e os talheres. Atirem-me seus paus e suas pedras. Do seio da terra vieram todos vocês e para lá voltarão. Eu apenas surgi do nada e nada sempre fui e serei. Vocês são minério, são barro e donos do chão; prometidos aos céus. Ou o céu lhes é prometido, tanto faz. Eu somente sou o resto do que não serviu para nada e respiro para azucrinar o mundo com meu estômago vazio e as mãos estendidas para lhes tomar a paz.

Persigam meus anseios e os perigos que com eles estão. Não me deem piedade se não for por algum tostão. Vocês que são os proprietários e eu um simples ser pagão. 

Atirem-me a água benta e convertam minha alma. Agora que ela existe, talvez limpe os pós do portão, águe as flores do Éden e costure as túnicas dos arcanjos. Vocês são filhos e eu sou enteado. Todos vocês nasceram do homem que fez feriado. Eu apenas sou o escuro dos tempos, moldado nas matas pelos bichos fedorentos. 

Felizmente não me devem nada. Eu é quem pago todos os dias a conta da vida. Serviço que me prestam sem contratação. Está certo que é um serviço muito mal prestado e, desconfio, insignificante. Mas se está aí, uso. 

Prendam-me, peço. Não deixem que um dia me invertam as ideias. Não deixem que me recuse a aceitá-las como bem lhes servir. Matem-me antes. Ou melhor, retirem esse favor, grande favor que me prestam: de me tratar ---- ainda que seja um maltratar -- como gente.


Linhas para não escrever.

Escrevi um poema porque não havia nenhuma ideia para um texto, somente a vontade de escrever. Como um poema, em tese, parece mais simples apesar de necessitar de mais estética, surgiu a mim mais facilmente. Obviamente a estética é porca e não está nem perto de ser relevante. Mas claramente ficou melhor do que um texto viria a ser.


Eu gosto de apagar as luzes
E sufocar as vozes.

De oprimir o tempo.

Eu destrono as vontades
E desprezo quaisquer quereres.

Interfiro no pouco.

Basta respirar
E basta de aspirar.

Resigno-me ao nada.